Uma tarde na casa do general...

Ontem passamos uma tarde inesquecível na casa de um general... Fomos recebidas de forma  tão acolhedora que me senti totalmente à vontade. Uma família simples, que adotou Neide (nossa amiga brasileira que tem uma história de quase 20 anos de relação com Angola) e a trata com filha mais velha. Regados a muita comida e bebida, os relatos que ouvimos nos parecia literalmente, coisa de cinema. É difícil imaginar que só há 7 anos a guerra acabou por aqui. São muitas as consequencias e implicações deste evento para os dias de hoje... Os índices de pobreza, miséria, fome, doenças e baixa escolaridade são assustadores.
Me identifiquei de imediato com a esposa do general, uma mulher surpreendente, personalidade forte, com relatos profundos do que a realidade da guerra gerou para a sua vida e para o povo Angolano. Ela nos contou o tempo em que viveu em provincias distante, fugindo dos ataques, chegando a ficar até 8 meses sem notícias do marido. Período em que trabalhou e tomou decisões para enfrentar os desafios enfrentados e assumir a família. Nos contou situações diversas, uma delas, tocou fundo na minha alma, foi um grupo de soldados chegar a um lugarejo e encontrar todos os moradores de lá mortos, só uma criança pequena viva e assustada. Levaram a criança com eles, que foi adotada por um general amigo deles.

Lá pelas tantas, escuto um sócio do general, fazendo duras críticas ao presidente Lula. Tentei me conter, mas a minha reação foi maior do que o meu controle, pois depois de todas as polêmicas com as declarações de Caetano, em terras distantes, escuto um brasileiro reproduzindo o discurso da elite, afirmando que Lula é analfabeto e deveria ter estudado para ser representante do país, enquanto era líder sindical, para parar de falar besteira, Entrei na roda de discussão... falei o que penso com veemência, deixei clara a minha impressão destes discursos elitistas vazios... moral da história, 2 ou 3 vezes o general disse que estava de acordo com minahs ideias e quando fui me despedir fez questão de sair da piscina, para apertar minha mão e dizer que gostou do meu pensamento comunista, defendendo o pensamento proletariado. Quero retornar a sua casa, para escutar dele, os sesu relatos... tenho aprendido muito sobre a vida e quero muito... muito mais!!!