quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

As angolanas e os filhos carregados nas costas...

Uma sensação especial, carregar um bebê nas costas... Qual o significado desta tradição?
Fui experimentar... É sintonia, um só corpo... uma sensação de completude! Fiquei imaginando o quanto esta iniciativa permite maior tempo juntas, aquece a pele, faz pulsar  junto os corações, constrói complementariedade, simbiose, relação, maternidade, amor, grande AMOR!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Dombe Grande - Visita a tribos primitivas

Hoje me senti dentro de um filme africano, saí do cinema e vivi o mundo real. Fomos a Dombe Grande, povoado onde recentemente chegou o asfalto e estrada de acesso, um oásis no meio do semi-deserto...

Um lugar que chama a atenção pela fama de feitiçaria e misticismo.
 Chegamos atentas a todos os detalhes e quando menos esperávamos encontramos a placa abaixo. Curiosamente só vimos a "maluca" em processo de cura, depois que fomos conferir as fotos e olha que o colega que nos levou comentou os olhos virados da mangolê e pensávamos que era pura invenção!
Exploramos cada detalhe, mas a expectativa maior era para chegar na "Ponta das Águas", lugarejo distante apenas a 3 quilômetros, com tribos primitivas e macacos balduínos, do tamanho de gente. Este não tivemos a sorte de vê-los, ficou para a próxima expedição, mas o povo, nos surpreendeu, nos encantou pelo jeito de viver e agir. Falando apenas língua nacional, o umbundo, olhavam para a gente, em busca de compreender o que comunicávamos com a linguagem do corpo. Fomos orientadas a levar biscoitos e assim fizemos, foi a forma de nos aproximarmos e chegarmos perto para desvendar a vida neste contexto. São tantas as perguntas e indagações que fazemos que vai levar um tempo para elaborarmos estes diferentes tempos e modo de viver!

domingo, 5 de dezembro de 2010

Um dia de fé...

Hoje acordamos cedo, as 6:30 da manhã e fomos a Igreja participar de uma missa angolana. Um ritual valioso, com liturgia moderna, cânticos em língua nacional (Umbundo) e uma recepção calorosa, nos chamaram para frente, nos apresentamos no altar e fomos aplaudidas. Uma experiência rica que nos ajuda a compreender ainda mais essa gente boa, amiga e sincera!

A cada dia que passa nos sentimos mais seguras e à vontade andando pelas ruas da cidade. Fomos de candonga (vans que transportam as pessoas como serviço público que substituem os ônibus que são escassos) e  voltamos passeando e explorando novos lugares.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Situação curiosa, mas não tão inusitada assim...

Sempre que andamos pelas calçadas de Lobito ficamos atentas, obervando os diferentes espaços da cidade, dialogando com o cotidiano do povo, na busca de compreender com mais profundidade o que lhe caracteriza.
Esta semana nos deparamos com algo tão curioso, que vale a compartilhar, longe de fazer análises antropológicas, políticas ou sociológicas, é incrível como a televisão não pode faltar.
É incrivel como as pessoas utilizam os meios de comunicação como meio de companhia na sociedade individualista em que vivemos. Vejo hoje que a televisão preenche o vazio social e é utilizada pela maioria das pessoas como uma fuga para as dificuldades do cotidiano... Prefiro muito mais acompanhar a vida das pessoas, sentada na varanda de casa ou em um banco de uma praça refletindo e debatendo sobre caminhos possíveis de fazer a minha parte, de contribuir para uma VIDA BEM VIVIDA para todos!

domingo, 28 de novembro de 2010

Um dia muito especial...

Um dia especial, dia de celebrar a vida de uma amiga querida, meio século de muitas histórias, memórias e exemplos. 50 anos de VIDA dedicada à educação! Educação no sentindo pleno da palavra... educação como VIDA plena! Educação no dia a dia, na família, na Escola e nos diferentes espaços sociais. Educação como tempo de doação! Um tempo que fez e faz a diferença na história de muita gente! Tempo este que tive o privilégio de acompanhar durante quase duas décadas e aprender muito, desfrutando de cada momento, de cada diálogo, troca de olhares, inquietações, dúvidas e busca permanente.
Uma pessoa única, ética, sem igual, de um coração gigantesco, uma sensibilidade que nem sempre é tão aparente, mas uma emoção e enorme paixão que quem a conhece, reconhece em tudo que ela faz, estas marcas.
Maristela querida, hoje passei o dia resgatando do coração, lindos momentos que passamos juntas, acreditando na VIDA, defendendo a alegria das crianças, a beleza do seu enorme potencial, a riqueza das descobertas e a certeza que é preciso cultivar a busca permanente para compreendê-las e apoiá-las. Você é para mim um exemplo de mulher de força, garra e coragem, uma liderança de referência, uma amiga dedicada, uma mãe incondicional, um ser humano sem igual!
Parabéns, amiga querida! Que Deus lhe abençoe sempre e lhe fortaleça para seguirmos juntas cultivando sonhos e realizando o que está ao nosso alcance!

sábado, 27 de novembro de 2010

Final de semana em Benguela

Estamos vivendo em uma casa na Restinga de Lobito, na frente, o mar aberto, atrás a baia, em que fica o 2º maior porto do país. Daqui participamos do dia a dia da cidade. É bem diferente de Luanda, em Talatona, que viviamos confinadas, em um condominio fechado,  o que muitas vezes não nos permitia ter a dimensão da realidade sócio-econômica do país. Naquela época escutávamos muitas histórias e a todo momento buscávamos pessoas para nos relatar as suas experiências de vida. Agora, andamos pelas ruas e dialogamos com a diversidade de marcas e sinais que encontramos pelo caminho... Muitas vezes bate uma tristeza e um desânimo grande, a fome, as doenças e a miséria, saltam os olhos, o acúmulo de lixo, bate a nossa porta, em outros momentos nos surpreendemos com a força, a coragem e a resiliência deste povo. Queremos participar ativamente, ir além das ações do Programa que assessoramos, queremos oferecer a nossa parcela de contribuição. Estamos planejando... em breve teremos novidades.
Quero muito mais do que ficar na varanda vendo o mundo girar...

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A mascote do Programa






Bê é um encanto de menina que faz o nosso dia, mais leve e também marcado pela esperança de tempos melhores para todos. Ela é filha de um casal de jovens (20 anos os dois) que trabalham no Centro em que atuamos. Todos os dias Bê passa de mão em mão e nos inpira deixando falar alto a voz que vem de dentro do coração - saudade! Obrigada Bê, pela sua ternura, sorrisos e amor!

domingo, 21 de novembro de 2010

Celebrando a VIDA e as conquistas do Programa

Cheguei a Benguela em ritmo de festa. É incrível como o tempo que passei no Brasil me permitiu ver com outros olhos a realidade existente e as conquistas realizadas. O Programa já está funcionando a topo vapor, é possível identificar indicadores quantitativos e qualitativos que revelam os resultados até então. Sendo assim, na quinta-feira à noite, com trajes angolanos, muito churrasco e músicas típicas, dançamos e celebramos mais este marco na história que estamos escrevendo, do outro lado do oceano.

domingo, 14 de novembro de 2010

Um dia pleno em minha companhia...

É incrível como muitas das experiências que vivo, as reconheço necessária para a minha plenitude como ser humano. Depois de um mês e meio muito intenso no Brasil, estou de volta à Angola... um retorno construído em processo, passei 2 dias em Sampa, em reunião e um dia inteiro só para mim, na busca de compreender os caminhos percorridos na vida, o significado das mais variadas experiências, o sentido de atravessar o oceano tantas vezes este ano.
Para completar fui assistir dois filmes: "A Suprema Felicidade" e "Comer, Rezar, Amar". É claro que pensei muito na minha vida, nas narrativas construídas até aqui e no que ainda pode chegar. Pensei tanto no valor da família e nas mais diferentes relações já vividas. O que ficou foi a alegria com a vida que tenho, o desejo de mandar muita luz e amor para todos que por mim já passaram e a expectativa de novos amanhãs.
Até Luanda!!!!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

De volta à Angola...

"Mil voltas e voltas que dei
Querendo de uma vez encontrar...".


domingo, 26 de setembro de 2010

Até logo...é primavera!!!

"Hoje o céu esta tão lindo, sai chuva!
Hoje o céu esta tão lindo...".

Amanhã bem cedo volto ao Brasil para mais um tempo... um novo tempo... tempo de primavera... flores, alegrias e perto dos meus grandes amores!
As amigas e companheiros de trabalho, o meu até logo, em breve volto com as forças recarregadas para cultivar novos tempos de Primavera em Angola.
Até logo...

sábado, 25 de setembro de 2010

As crianças e as Escolas em Angola

Que escolas temos oferecido as nossas crianças?

 
"Mas sonhar é coisa que não se ensina. Brota das profundezas do corpo, como a água brota das profundezas da terra...". "Conte-me os seus sonhos, para que sonhemos juntos!"
Rubem Alves




Todos os dias saio de casa as 7 horas para o trabalho e no percurso de 20 km, sempre encontro muitas crianças indo a escola carregando seu banquinho nas mãos. Esta imagem provoca em mim reflexões e memórias... lembro-me de imediato dos relatos da minha mãe e do meu pai, quando na infância iam a escola, era um privilégio para poucos... Lembro-me também do dia em que visitei uma escola em Luanda, no início do ano e as crianças nos receberam ficando de pé e cantando uma música memorizada, todos no mesmo tom, em uma só voz... Marcas de excessivo controle! Lembro-me ainda dos relatos de alguns colegas que tem filhos em escolas internacionais aqui neste país... escolas de tempo integral, bilingue e atenta a diversidade. Reflito sobre o tempo, os diferentes espaços e a desigualdade social. Penso nas contradições e nas possíveis formas de superação. Reflito o meu papel de educadora... Quero atuar neste contexto!
Procuro conversar com pessoas diversas para compreender um pouco mais esta realidade e o significado dela na vida dos meninos e meninas de Angola. No país ainda não tem escola para todos, são muitas crianças em cada sala de aula, o ensino é conservador, tradicional, não tem distribuição de merenda e os materiais didáticos são quase inexistentes. São muitas crianças no mundo sem escolas e a metade delas estão na África.
Um pai de 3 filhos que conversei aqui em Angola, me disse que as escolas não são boas, mas as crianças tem que ir a escola para aprender e que a professora   tem o direito de bater, puxar o orelha, dar uns cascudos,  se a criança não prestar atenção.  "É a oportunidade de crescer na vida!"                          
Este depoimento e a realidade existentes me fazem crer que é preciso construir em diálogos com todos os atores sociais, uma reflexão da Escola como espaço de VIDA, que é construída e permanentemente reconstruída com base nas escolhas, nos desejos, na ousadia, na criatividade, na vontade e na ação política de pessoas comprometidas com a educação do presente e do futuro, com a sociedade de hoje e de amanhã, com a vida bem vivida para todos e todas SEMPRE! Todos são co-responsáveis! Enquanto houver no mundo uma criança que não tenha vida dígna, não podemos descansar e ser felizes! Vamos SONHAR e fazer!

domingo, 19 de setembro de 2010

Fragmentos do cotidiano de uma cidade...

Lobito, a cidade em que estamos morando, é o mundo para muitos, lugar em que tudo acontece e todos se movem, espaço de co-presença, co-participação, AÇÃO! Tem VIDA e muitas contradições... Tem territórios diversos que co-existem marcados por diferenças e desigualdades... ambientes que clamam por intervenção.


Entre olhares registrados e experiências vividas participo deste cotidiano e cultivo a utopia do fragmento fazendo a minha parte.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Celebrando a VIDA!

Mano,

hoje no dia do seu aniversário estou distante fisicamente, mas muito presente em coração e alma! Desde cedo estou celebrando a sua vida, agradecendo a Deus pelo seu jeito especial de ser, sua sensibilidade, sua presença constante, seu carinho e amor.

Desejo de coração toda a felicidade desta VIDA e que em breve possamos comemorar juntas um tempo novo nas nossas vidas!

Te amo!

O olhar relativo...

O deserto faz parte da paisagem de Benguela, que chama a minha atenção pelas enormes dunas de areia. Isso tudo me encanta, mas para outros não tem beleza, talvez aí esteja a boniteza da VIDA, o permanente olhar relativo e as diferentes impressões e óticas de cada um.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

"Ai minha vida!"

Massuena é a angolana mais brasileira que conheço. Adora o nosso país, fez graduação em Brasilia e pós, no Rio de Janeiro. Ela está atuando no Programa que realizo o trabalho de consultoria e atualmente estamos vivendo juntas no Aparthotel, já que a casa em que vamos morar está em reforma. A experiência é quase um reality show, o que exige de todas nós um exercício permanente de reflexão, olhar relativo e meditação. São hábitos, costumes e valores bem diferentes! Imaginem só que Massuena acorda todos os dias as 4 da manhã e é a última a ficar pronta para sair! Na foto estávamos meditando no terraço, final do dia! "Ai minha vida" é a expressão que ela mais usa no dia a dia! Massu, você é muito especial!

domingo, 12 de setembro de 2010

A energia que vem da natureza e fortalece...

"Não existe meio ambiente. Existe ambiente inteiro! Esse ambiente inteiro é a comunidade de vida da qual somos parte e parcela, com a responsabilidade e missão de cuidar disso".

Leonando Boff

sábado, 11 de setembro de 2010

Inspiração e poesia...




Saudade...

sal... mar...
mar...ilha...
lila... lida...
VIDA!!!!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Em diálogo com as crianças...

No domingo fomos à praia, lugares diferentes, paisagens novas, mas o que mais me fascinou foi o encontro com as crianças... espontâneas, alegres, curiosas...com uma simples troca de olhares, rapidamente perceberam o quanto provocaram em mim encantamento.

Foi em um final de tarde, com o sol sem raios, como uma bola de fogo entrando no mar, que as crianças se aproximaram... a conversa fluiu em um instante e de uma hora para outra, já estávamos contando histórias, revelando segredos, falando do dia a dia e dos desafios que a vida coloca... escutar as crianças provocou em mim um misto de sentimentos: da surpresa a indignação escutei de tudo, desde que apanham na escola, que a professora bate porque os colegas fazem barulho, até que a mãe vende noite e dia nas ruas para cuidar dos 5 filhos, e que elas podem ficar nas ruas até a hora do sol se por e a noite cair. Me questionei de imediato: como essas crianças constroem valores e moral neste contexto? Não encontrei uma resposta única para questão tão complexa...


                                   
Perguntei então pelos jogos e brincadeiras e de imediato as crianças começaram a cantar, dançar e aos poucos revelaram que os sonhos, a fantasia, o faz-de-conta são os melhores alimentos para a alma e para o coração, por mais difícil que seja a realidade. Aprendi mais uma vez com elas...

                                      

domingo, 5 de setembro de 2010

De Luanda a Benguela... Uma viagem inesquecível!

Começamos a viagem, as 7 da manhã, arrumando o carro debaixo de chuva, com muita bagagen, o que é raro uma época desta do ano! Quem sabe a promessa de que o dia seria muito especial!


A primeira parada no Miradouro da Lua, uma paisagem fantástica, que ganha este nome, pela semelhança com a superficie lunar! Um momento para celebrar a amizade!
Viajamos pela Costa, mas o que viamos pela frente foi muito diferente das paisagens do litoral baiano que estamos acostumados. Vi uma faixa costeira árida, que mais parecia o deserto, tudo muito seco, apesar de sempre nos depararmos com pequenas áreas verdes, como oásis no meio do sertão. Vi também gente... muita gente...um olhar atento as crianças, ah crianças!

O dia terminou em Benguela/ Lobito e a partir daqui tenho muitas novas histórias para contar!

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Roupas que falam: Os trajes angolanos


As angolanas que querem fazer valer as suas raizes, histórias e marcas da vida  costumam usar até os dias atuais trajes com coloridos diversos. Hilda, um angola "retada", que dialogamos diariamente no ambiente de trabalho, com o seu jeito faceiro, revela suas crenças, seus valores e ideias, através das roupas típicas que usa no dia a dia.
Ela tem nos ensinado muito!Lembro que foi dela que ouvi dizer que se as sextas-feiras são os dias dos homens na cultura deste país, também são os dias do corno que não tem como controlar o que fazem as suas mulheres, nas ausências masculinas!Aprendi com ela que cada estílo, comunica algo... desde o estado civil até o nível social. Dizem por aqui que as cores destes vestidos comunicam muito, é preciso saber ler e interpretar: O preto, assim como na nossa terra, é adotado pelas viúvas – um luto que incluía o rosto coberto e a cabeça raspada. É claro que tenho que experimentar para aprender! Já comprei vários trajes e assim vou compreendendo com mais profundidade esta rica sociedade!
Além das cores, as peças, o número delas e a forma de usá-las, também tem significados. Dizem que os vestuários das ricas senhoras que transitavam pelas ruas de Luanda antigamente, eram formados por um total de quatro panos: o mulele ua jiponda (peça interior), o mulele ua xaxi (pano transpassado cobrindo a parte superior), depois o mulele ua tandu (tecidos transpassados na parte inferior) e finalmente um pano preto conhecido como bofeta. Esta quantidade de peças variadas são usadas até hoje! Nas festas são mais comuns! Também comprei uma dessa, em breve compartilho a sensação de vestír este traje e o significado de usá-lo. Vou fazer uma nova investigação!