sábado, 30 de junho de 2012

Dá-me a sua mão!

"...está a linha de mistério e fogo
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncio".
 
 
As crianças como sempre me fascinam, exercem sobre mim um domínio traduzido na beleza da poesia, poesia que brota dos olhos, que comunica sem palavras, que me convida a encontrar caminhos e a trilhar por paisagens que cultivam esperança para as dores e desafios do mundo!
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No arquepélago de Bazaruto, em Moçambique conheci crianças lindas. Fui encantada por 03 delas, irmãs que ficavam com sua mãe na porta da casa que nos hospedamos. O olhar para além do horizonte chamou a minha atenção, cheguei junto e dialogamos em silêncio, sem palavras escutei o seu pedido...
Demos as mãos!
De volta ao ponto de partida, encontrei muitos outros pequenos com diversos pedidos expressos, principalmente no desejo imediato de saciar a dores da fome. O motorista parou na estrada para comprar abacaxis, já era noite, tarde, a escuridão me alertava para os perigos daquela aventura, principalmente naquele dia em que toda gente celebrava 50 anos da FRELIMO, partido que lutou pela independência de Moçambique. Em meio a noite escura homens, mulheres, crianças, adolescentes, jovens e idosos andavam de um lado para o outro. Eu estava tensa, quando de repente algumas crianças chegam na minha janela e me pedem dinheiro, respondi de imediato, que não dou dinheiro à crianças e uma delas me fitou nos olhos e disse: "Quero uma caneta para aprender".
Dá-me a sua mão! São elas me me convocam diariamente a ir em frente com muita ESPERANÇA!
 

quarta-feira, 27 de junho de 2012

De volta aos diálogos e partilhas.

As cenas do cotidiano me fascinam, compartilhar os meus olhares com quem quero bem, me motiva a ir sempre mais além, fazendo novas descobertas, traçando caminhos e outras rotas.
Contar histórias vividas ou observadas me ajuda a elaborar experiências, fazer escolhas, tomar decisões de que caminhos seguir.
É hora pois de recolocar o blog na ativa!
Escrever sobre o observado e interpretado faz parte do meu processo de elaboração do mundo. A escrita é para mim milagrosa, através dela vou descobrindo coisas novas, muito do que vejo ganha foco, vai clareando a minha frente... e de repente, a ideia amadurece.
Outro dia, fui a um restaurante na beira do rio, minhas parceiras da ESSE tinham ido até lá e visto um crocodilo. Eu não poderia ficar de fora. Vi muito mais do que poderia imaginar... Vi histórias do cotidiano que dialogaram com contextos convergentes com a minha própria história de vida.
Me deparei com cenas da vida cotidiana do povo africano que me convocaram a pensar - O que nos comunicam este povo quando se organizam em grupos? Por que de um lado ficam as mulheres e as crianças e do outro os homens?
 De um lado as mulheres estavam trabalhando, lavando roupas, banhando crianças, limpando o corpo. Do outro, os homens em diversão. Diferenças, paradoxos, modelos sociais desde que o mundo é mundo e em diferentes partes. Cada canto, os seus encantos! Cada escolha, suas repercussões... Aqui em Moçambique são as mulheres que carregam o peso, são elas que usam a força braçal. São elas que fazem o dia a dia acontecer!

E assim fortaleço a ideia de que ver exige ir além do olhar, fica a expansão da lucidez que não nos livra dos dramas, mas nos ajuda a aprofundar a ideia da VIDA e os caminhos escolhidos!
Gosto muito das escolhas que fiz até aqui!